segunda-feira, 14 de agosto de 2017

CONSENSUAL



Eu me extasio com o que sou: homem!

Há um certo deslumbramento em assenhorar-se assim,
Pois percebo sombras em meus sonhos existenciais...

Não sou cego. Minha vista alcança devaneios secretos
Meio desprezados perante a nobreza que há em mim
E muitas vezes minhas palavras são hieróglifos: não as entendo!

Eu amo o animal que sou: desprezado, às vezes; emotivo, sempre.
Contemplo-me até diante dos ossos: não consigo, nunca, roê-los!
É possível que eu me desfolhe embora não conviva com o outono.
Isso é nobre; ao mesmo tempo, torpe! Lentamente busco entender.

Nada depressa faço juízo. A liberdade é arcaica; a prisão, indolente!
Sabiamente devo carregar-me dos frutos da árvore que sou: doce...
O salgado e o insosso estão mergulhados num esquecimento volátil.
Timidez e apatia levam-me aos desordeiros tecidos da imaginação.
Na verdade, sou milagre duma existência repleta de folhas... secas!


DE  Ivan de Oliveira Melo


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