Eu me extasio com o que sou: homem!
Há um certo deslumbramento em assenhorar-se assim,
Pois percebo sombras em meus sonhos existenciais...
Não sou cego. Minha vista alcança devaneios secretos
Meio desprezados perante a nobreza que há em mim
E muitas vezes minhas palavras são hieróglifos: não as
entendo!
Eu amo o animal que sou: desprezado, às vezes; emotivo,
sempre.
Contemplo-me até diante dos ossos: não consigo, nunca,
roê-los!
É possível que eu me desfolhe embora não conviva com o
outono.
Isso é nobre; ao mesmo tempo, torpe! Lentamente busco
entender.
Nada depressa faço juízo. A liberdade é arcaica; a
prisão, indolente!
Sabiamente devo carregar-me dos frutos da árvore que sou:
doce...
O salgado e o insosso estão mergulhados num esquecimento
volátil.
Timidez e apatia levam-me aos desordeiros tecidos da
imaginação.
Na verdade, sou milagre duma existência repleta de
folhas... secas!
DE Ivan de
Oliveira Melo
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