Vi-me chorando a
cântaros diante do esquife.
Fiquei atônito,
pois o defunto não era camarada.
Ouvi quando alguém
me disse: este era um patife
E derramar lágrimas
por ele é mesmo que nada.
Deixei o ambiente
tão de repente quanto entrei.
Fiquei a matutar:
Por que tantos e tantos risos
Perante um ataúde
em que descansava um sansei
Se num velório o
lugar é de saudade dos amigos?
Nas horas tantas
baixaram o caixão na sepultura
E para meu
deslumbramento vi fogos em altura
Celebrando a morte
perante um público em êxtase…
Não compreendi
aquela situação meio escabrosa.
Por pior que haja
sido quem partiu em nebulosa
O respeito é a
chave da lei e nada tem de perífrase!
De Ivan de Oliveira
Melo
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