sábado, 30 de março de 2013

Catacumbas da Solidão



Meu  corpo  dorme  sem  sonhos  na  cripta  solitária
Das  encostas  ressequidas  entre  arvoredos  mortos,
O  êxodo  contínuo  de  animais  para  outros  portos
É  a  arquitetura  dantesca  de  uma  natureza  sedentária.

Vermes  homicidas  se  nutrem  da  carne  apodrecida
E  o  sangue  coagulado  é  o  refresco  da  refeição,
Do  lado  de  fora  os  abutres  pranteiam  a  insatisfação
De  serem  preteridos  no  faustoso  banquete  da  carcomida  vida.

Dentro  da  lápide  fria  os  ossos  suam  com  o  calor
E  repugnantes  insetos  roem  o  cálcio    sem  o  odor
Que  é  a  nauseabunda  razão  da  alegria  na  festança...

No  tempo  irreversível  a  carcaça  torna-se  abandono
E  o  esqueleto  respira  na  solidão  o  passar  dos  anos
Tecendo  lágrimas  de  saudades  das  afortunadas  lembranças!

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