I PARTE
Quando se é
criança
O juízo fica
embutido,
Só folguedos fazem
sentido,
Não há tempestade,
só bonança...
Comigo não foi
diferente,
Rompi todos os
limites,
Escanteei
opiniões e palpites,
Nuances de auto-suficiente...
Brincar foi estudo
e passatempo
Que doei à
minha vida sem censura,
Viajar no espírito
de aventura
Foi a tônica
do real sentimento.
Venci à infância
sem compromisso
E cheguei à
puberdade com escândalo,
Busquei
compreender por todos
os ângulos
Uma
metamorfose que me
parecia feitiço...
Fiquei
atônito perante o
que via:
Minha voz mesclava
entre forte e
fraca,
Meu corpo nutria
pelos e se
destacava
Diante de minha
angústia que era
melancolia...
II PARTE
Afinal
entendi que nada
era estranho
E fui entrando ressabiado
na adolescência,
Vergonha
absoluta soou-me como
ciência
De um período
inicial bastante enfadonho...
Com o tempo
abriu-se a sensualidade
E minhas mãos
trabalhavam frenéticas,
Fiz da nudez
feminina minhas horas
prediletas
E às mulheres
cultivei-as com fecundidade.
Estudo e trabalho
eram coisas idiotas
E me envolvi
com fumo, bebidas
e baladas,
Não me guardava
para uma só
namorada
E vivia para
os amigos que
batiam à minha
porta.
Indiferente à responsabilidade passaram-se
os anos
Até que o
irreverente adolescente tornou-se
adulto,
Perdi meus pais,
fiquei só e
deveras inculto,
Por isso intensos
dissabores trouxeram-se desenganos...
A consciência agora
mostrava-me a vida,
Então chorei por
desconhecê-la de tudo...
Incompetente,
solitário e ainda
de luto
Tive de vencer
as intempéries de
forma destemida.
III PARTE
Dediquei-me a estudar
e angariar conhecimento,
Amizades
pretéritas esqueci-as sem
rancor,
Era preciso lutar
e me debruçar
sobre o amor,
Novidade que causou
a mim imenso
deslumbramento.
Vivenciando
solidariedade aprendi a
ter esperança,
Preceitos
religiosos mostraram-me que
há prazer
Em servir à fé que
transforma radicalmente o ser
E deleta do
seu íntimo as
mais frívolas lembranças.
Um novo homem
edifiquei em mim
Consorciado a uma
grande e indescritível
paixão,
É a música
um talento que
ilumina o coração
E faz vaguear
o espírito pelo
espaço sem fim...
As estrelas inspiraram-me
a tecer letras
E a modificar
certos conceitos que
havia da existência,
No manuseio das
notas compus melodias
com eloqüência
E
arrisquei-me em público
a conquistar novas
veredas.
Imensurável
metamorfose revelou ao
anfiteatro do mundo
Renovado
pecador que do
tudo experimentou e fez,
Que ali perambulava
pelo tapete do
amor cortês
Olvidando por completo
das barbáries do
universo imundo...
EPÍLOGO
Incrível
quando se tem
noção do que
é o viver,
Sobreviver
apenas é algo
inoperante e sem
brilho...
A razão da
vida é o caminhar sobre
os trilhos
Que o amor
deixa à disposição
em cada amanhecer.
Assim retirei dos
meus sonhos a
minha cinderela
E a trouxe
à realidade e
logo a desposei...
Em nosso lar
ela é minha
rainha, eu sou
seu rei
Numa
fotografia em que
o matrimônio é
divina passarela.
Relação
bendita que nos
presenteou filhos
E onde a
música é o alimento da
alma,
Educação
fundamentada em ritmo
de valsa
Tocada por instrumentos
que selam nossos
destinos!
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