Hoje me acordei
com uma psicose:
Fazer uma faxina
em minha morada.
Liguei para a agência. Solicitei
uma serviçal.
Tantas coisas antigas...
Tantas coisas sujas...
Comecei pela gaveta
do criado mudo.
Nossa! Quanto papel
velho!
Quantas bugigangas!
Quanta coisa sem
utilidade!
Fui juntando sobre
a cama.
Até um álbum
de amigos distantes...
Vai tudo para
o lixo. Pensei.
Mas de repente
me virei.
Dei de cara
com o espelho.
Olhei
profundamente para mim...
Eita! Como estou
velho!
Cabelos brancos...
Pele engelhada...
Não! matutei.
Nada vou jogar
fora.
Estou idoso, é
verdade...
Não sou bom –bril,
Porém ainda sirvo
para alguma coisa.
Pensando
assim, pensando bem,
Recoloquei
tudo de volta
na gaveta.
Se é para
jogar a velharia
no lixo,
Hei de começar
por mim...
Guardados
somos, guardados estamos...
Naquele
instante alguém bate
à porta.
Atendi. Era a
faxineira.
Bom dia. Ela
disse.
Respondi e fui
logo mostrando serviço.
Comece pela cama. Pedi.
Pela cama? Ela
questionou.
Sim! Por que
não? Inquiri.
É que o senhor é
um ancião... Sou tão
nova!
Ei! Chamei. Você
estava escutando minha
conversa?
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