quarta-feira, 27 de março de 2013

Faxina




Hoje  me  acordei  com  uma  psicose:
Fazer  uma  faxina  em  minha  morada.
Liguei  para  a  agência.  Solicitei  uma  serviçal.
Tantas  coisas  antigas...
Tantas  coisas  sujas...
Comecei  pela  gaveta  do  criado  mudo.
Nossa!  Quanto  papel  velho!
Quantas  bugigangas!
Quanta  coisa  sem  utilidade!
Fui  juntando  sobre  a  cama.
Até  um  álbum  de  amigos  distantes...
Vai  tudo  para  o  lixo.  Pensei.
Mas  de  repente  me  virei.
Dei  de  cara  com  o  espelho.
Olhei  profundamente  para  mim...
Eita!  Como  estou  velho!
Cabelos  brancos...
Pele  engelhada...
Não!  matutei.
Nada  vou  jogar  fora.
Estou  idoso,  é  verdade...
Não  sou  bom –bril,
Porém  ainda  sirvo  para  alguma  coisa.
Pensando  assim,  pensando  bem,
Recoloquei  tudo  de  volta  na  gaveta.
Se  é  para  jogar  a  velharia  no  lixo,
Hei  de  começar  por  mim...
Guardados  somos,  guardados  estamos...
Naquele  instante  alguém  bate  à  porta.
Atendi.  Era  a  faxineira.
Bom  dia.  Ela  disse.
Respondi  e  fui  logo  mostrando  serviço.
Comece  pela  cama. Pedi.
Pela  cama?  Ela  questionou.
Sim!  Por  que  não?  Inquiri.
É  que  o  senhor  é  um  ancião... Sou  tão  nova!
Ei!  Chamei.  Você  estava  escutando  minha  conversa?

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