quinta-feira, 13 de junho de 2013

Auto-Retrato



A  estrada  parece-me  infinita,
O  desespero  é  melodia  em  meu  abandono,
Não  sente  esperança  minha  alma  aflita
Embora  fiel  haja  sido  por  tantos  anos...

Desamparado...  arrasto-me  na  correnteza  da  ingratidão,
Percebo  meu  lar  se  destruindo  e  tudo... todos  na rua...
Esqueceste  de  mim,  Ó  Pai?  Chorando  digo:  minha  vida  é  tua
E  se  nada  mais  me  resta  parto  em  tua  direção.

Desempregado  e  violentado  pelo  preconceito,
Sou  vítima  da  idade  que  me  faz  prisioneiro
E  da  mendicância  que  bate  afoita  em  minha  porta...

Não  me  deixarei  assistir  ao  derrame  do  despejo,
A  honra  de  minha  dignidade  é  meu  último  desejo
E  em  ti, Senhor,  debruçar-me-ei  em  tua  aorta!

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