segunda-feira, 3 de junho de 2013

Blitz


Olho para dentro de mim
E me entrego à intensa blitz...
Observo minhas várzeas secas
E meus jardins sem flores...
Os córregos estão sem água,
As estradas desertas
E os caminhos pedregosos...
Por onde andam meus valores?
Há espinhos que me cutucam
E me ferem indiferentes,
Mas não consigo chorar,
Embora haja dor...
É que nos mananciais só há pó,
Uma terra árida, areia batida...
Não sinto a brisa do vento,
Os cataventos estacionaram
Perante um sol que queima
E machuca... tenho sede!
A fome me faz delirar
E grito... grito sem cessar,
Não escuto minha voz,
Não há eco...
O grito se perde na imensidão!
O suor do meu corpo
É a água que me resta,
Com ele me banho,
Limpo meus olhos,
Lubrifico minha alma...
Noto um solo que se abre
Ressequido pelo tempo
E sem sinal de vida...
Meu íntimo tornou-se sertão
Tão inóspito quanto a caatinga...
Sou um retirante de mim mesmo
Capengando por trilhas sinuosas,
Pois, em linha reta há ribanceiras
Que são prenúncios de profundos abismos...
Contudo ainda respiro, meio sonolento,
Mas respiro... porém, adiante caio e,
Ao cair, uma gota d’água
Molha minha face... afinal...
É o fim da estiagem,
Meu sangue volta a correr pelas veias
E uma chuva de esperança... de esperança...
Faz-me renascer!

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