domingo, 25 de dezembro de 2016

CRONOLOGIA

Eu também nasci…
Todos nasceram um dia
E, certamente, haveremos de morrer.

Só que somos comuns,
Pecadores, melhor dizendo.
Nosso berço não foi manjedoura
Nem recebemos visitas de Reis Magos.

Mas nascemos.
Muitos vivem muitos anos,
Outros morrem cedo,
Mal chegam à vida e partem.

Não somos profetas
Nem realizamos milagres,
Apenas o milagre de estarmos vivos
Apesar das inconstâncias,
Da violência,
Das doenças incuráveis...

Não somos majestades
Nem muito menos imperadores.
Somos réus da existência,
Vítimas da hipocrisia,
Debutantes do orgulho
E príncipes da ambição.

Não somos santos
Nem temos seguidores…
Somos carne e osso,
Humanos falíveis,
Governantes inescrupulosos,
Somos o povo das injustiças.

Não somos o tempo
Nem horizontes do dia…
Somos madrugada,
Chuva que constrói
E que falta,
Sol que alimenta
E que tosta, sem piedade…

Somos menestréis das horas,
Vagabundos do ócio,
Inimigos do trabalho,
Usurpadores do que é público
Somos sede e fome,
Mais mentiras do que verdades,
Somos adornos de charlatães.

Somos sonhos,
Somos ilusão…
Somos pensantes,
Porém nosso raciocínio
Corrompe-se de falsas esperanças…

Enfim, nascemos, sem manjedouras.
Morremos carregando nossas cruzes
E adormecemos sem sabermos
O que será do amanhã…
Ora, amanhã será apenas
Mais um dia, nada mais,
Porque o que no hoje se pinta
É a rotina que nos consome
Mudos e cegos
E nós passamos,
E a vida segue sem renovação,
Pelo contrário,
Destruindo-se a cada segundo.
Este é o ser humano!



De Ivan de Oliveira Melo







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