Eu me vejo tocado
por uma escuridão incomensurável
Donde posso sentir
em meu íntimo ideais tão negros
Que pensamentos
desbotados ululam meu raciocínio…
Há intensas
labaredas que me devoram de dentro para fora
Enquanto de fora
para dentro nada mais resta que o respirar.
Sensações
alucinógenas copulam no âmago já mestiço da dor
E me levam a um
êxtase em que a penumbra intoxica a visão
E desejos insensatos
inundam uma vontade carcomida de tédio…
Sinto-me desidratado
por uma impaciência que se renova alhures,
Deixando-me
plenamente caboclo perante a ausência do tudo.
Se o tudo está
ausente, simplesmente o nada não existe, é ficção…
Então me concluo
polissêmico e desnatural, desdoutrinado e vil
Diante de uma
conjuntura de emoções apócrifas e redundantes
Sem a menor
possibilidade na identificação de um elo salvador,
Apenas bisbilhotado
pelos anelos usurpadores do que é razão.
As fantasias bailam
num ritual macabro e funestos são objetivos
Que trucidam a
imaginação, perpetuando em mim a inconsciência…
Sou um apanágio
descrente da vida sorrateira que invade o social
E, numa solidão
inaudível, sou um afluente bastardo de mim mesmo
Ao passo que em
derredor uma derradeira ventania sopra ilusões…
Meu ego parece-me
mulato… Viagens transcendentais me ocorrem
E me creio
prisioneiro de estrelas cadentes que buscam o que é luz,
Todavia em mim só
os destroços do que foi vida ainda rendem dízimo,
Pois é verdade que
o senso nunca morre apesar de extensas sepulturas
Serem moradas
enclausuradas de seres errantes mastigados pela morte…
Sopros de vendavais
aconchegantes trazem alívio ao desespero intuitivo
Que ainda rola sobre
as inverdades de um cotidiano insalubre e grotesco,
No entanto há
válvulas anacrônicas e alegóricas que fantasiam a vida
Oferecendo tributo
analógico às aspirações enfermas, não obstante vivas
Que não jazeram no
éden demoníaco… As portas do céu seguem abertas!
DE Ivan de Oliveira
Melo
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