quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

MADRIGAL DA INCOERÊNCIA

No que penso eu do mundo
Há várias conotações semânticas...
A hipocrisia absorve intenso pedestal
Que nocauteia singelas aspirações...
Nada são definições, antes são hipóteses
Que perturbam a tranquilidade de viver,
Num mexe e remexe que causa tédio...
No que penso eu do mundo
Há várias situações esdrúxulas...
A violência eclode a cada segundo,
As pessoas não respiram, vegetam
E seus sonhos são casuísmos de enfados
Que tingem a esperança de amarelo...
No que penso eu do mundo
Há várias tonalidades de trabalho
E a preguiça é o testemunho vivo
De que lutar é entrave e perda de tempo...
Fabrica-se sono na indústria pessoal
E o produto enriquece as larvas do ócio...
Responsabilidade é apenas torneio onírico!
No que penso eu do mundo
Há várias espécies de solidão:
Umas se agregam aos prazeres sentidos,
Outras suicidam-se antes da saudade chegar...
É aquele frenesi do ter e do não ter,
Do ser e do não ser, tão somente do estar.
Os indivíduos se esqueceram de chorar,
Porque o sorriso sarcástico virou moda...
No que penso eu do mundo
Há variantes de “pouco importa”, pois
Relaxar perante o tesão da ingratidão
É sonolência que maltrata e mata...
Socorrer necessidades tornou-se óbolo
Dos viciados que esperam algo em troca...
Enquanto isso, as verdadeiras preces
Suplicam a parcimônia do Altíssimo
E, diante de imensa erosão,
Detona-se o ensinamento bíblico:
“Quem não tiver pecado, atire a primeira pedra”.
No que penso eu do mundo
É tudo isso...  E muito mais!   




DE  Ivan de Oliveira Melo

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