domingo, 16 de setembro de 2012

Rebelião de Sentimentos



A  guerra  estava  hostilmente  declarada
Numa  arena  de  amplo  campo  de  batalha,
Contrastes  no  perfil  de  dois  lados  de  uma  navalha
Em  que  apenas  um  empunhava  perigosa  espada.

O  Mal  era  acintosamente  liderado  pelo  Ódio
Que  manipulava  adjacentes  sentimentos  com  Rancor;
Era  seu  ideal  destroçar  o  Bem,  aprisionar  o  Amor
E,  assim,  estabelecer  entre  os  inimigos  o  divórcio.

Nada  poderia  diluir  tão ardilosos  planos
Adredemente  configurados  ao  longo  do  tempo,
Instante  sonhado  pelo  devaneio  do  suprimento
De  criaturas  desterradas  por  insensíveis  desenganos.

Ao  som  dos  clarins  inicia-se  a  aventura
E  o  Orgulho  ultrapassa  a  linha  demarcatória  de  combate,
A  Vaidade  singra  pelos  ares  o  espaço  com  seus  confrades,
Mas  o  inimigo  está  em  festa  e  indiferente  à  luta.

Não  havia  armas  em  mãos  dos  opositores,
  a  palavra  que  edifica  o  testemunho  da  fé,
Sobre  soberba  nave  a  Esperança  mantinha  a  todos  de 
E  o  perdão  era  o  conchavo  para  os  contraventores.

O  Mal  perdeu  forças  ante  o  juramento  da  Humildade
Que  em  intensa  rogativa  pedia  pelos  deserdados,
Justiça  e  Liberdade  cada  qual  por  seu  lado
Reiteravam  que  os  malefícios  da  vida  precisam  da  Solidariedade.

“É  dessa  forma  que  estão  preparados  para  a  guerra?”
Desabafou  ironicamente  o  incansável  Ódio...
“Todos  aqui  e  agora  são  prisioneiros  do  Ópio
E  rendo  homenagens  à  Covardia  meliante  em  todas  as  esferas”.

O  Ciúme  e  a  Inveja  tentaram  ferir  os  adversários
E  o  Preconceito  tudo  vasculhou  à  procura  do  Amor...
A  demente  Vingança  temia  ver  o  ódio  decompor
Cada  sentimento  e  reconstituí-los  de  modo  arbitrário...

Percebe-se  que  no  Mal  a  ditadura  é  inconstante,
Não    um  comando  que  implante  real  respeito,
O  que  se    é  a  Falsidade  impondo  despeito,
Por  isso  a  Ambição  deteriora-se  a  cada  instante.

O  Carinho  com  o  apoio  da  Ternura  pediu  a  palavra
E  propôs  ao  ódio  o  desligamento  das  armas,
Disse-lhe  que  nunca  encontrariam  o  Amor  numa  farda,
Pois  que  estava  fora  do  alcance  de  qualquer  camarada.

Em  sua  ignorância  o  Ódio  irritou-se  profundamente
E  incitou  seus  congêneres  à  morte  de  todo  o  Bem,
Ali  estavam  entregues  à  própria  sorte  e  sem  ninguém,
A  mercê  de  um  final  trágico  e  impenitente.

De  repente  o  som  de  uma  trombeta  provocou  silêncio
E  espessa  chuva  se  espalhou  pelos  campos,
As  armas  despencaram  de  todos  os  cantos
E  o  sol  aqueceu  a  terra  úmida  num  nobre  incêndio...

Foi  a  Esperança  que  trouxe  o  recado  aos  adjuntos,
Informou  que  o  Amor  não  tem  existência  solitária,
Está  na  Saudade,  na  Solidão,  em  todos  de  maneira  igualitária
Formando  do  Todo  um    Conjunto!

 

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