sábado, 17 de novembro de 2012

Consciência ou inconsciência do viver?

CRÔNICA

Consciência ou inconsciência do viver?


Ivan Melo


Às vezes sou tomado, de repente, por uma intensa dose de nostalgia. São reminiscências de um pretérito que marcou profundamente minha existência. E, como não poderia deixar de ser, tais recordações estão ligadas ao amor. Nossa! Hoje percebo o quanto era feliz... e não sabia!
É... Talvez, naquela época, meu senso concernente à felicidade estivesse ainda em progresso, por isso fui ostensivamente incapaz de entender pelo que se passava ao meu redor. Mulheres bastante bonitas, tanto no aspecto físico quanto no intelectual, fizeram-se presentes em minha vida, eram criaturas adoráveis, pessoas que me amavam e que eu, imaturamente, dispensei-as por julgar que as mesmas só me aceitavam ao seu lado para me mostrarem à sociedade, para comprovarem não sei a quem, que possuíam um namorado. Oh, Deus Altíssimo, quanta ingenuidade a minha!
Certamente isso não significa dizer que seja eu hoje um infeliz... digamos, quase! Ora, mas por que quase? Ou sou feliz, ou infeliz... Não existe meio termo nesta questão! Existe sim, nem sou feliz, nem muito menos infeliz, provavelmente eu ainda não haja amadurecido, embora tenha casado, constituído família e ser pai de duas preciosidades, contudo esta é a minha vida atual: sou separado, trabalho e vivo muito só, meus filhos não têm tempo para mim... é que eles são ocupadíssimos!
As coisas da presente modernidade não se coadunam com meu modo de viver e pensar. Ao tempo a que me refiro não havia este troço de “ficar”, ou se namorava, ou se era apenas amigo, mas “ficar”? Não! Isso é deveras degradante para a imagem de uma pessoa: beijar, deixar tocar-se intimamente, romper as barreiras da intimidade mais profunda e depois ser indiferente como se nada houvesse acontecido? Positivamente, pode isso ser chamado de evolução? Chamo essa coisa de “ficar” de “aproveitar-se”, nada mais...
Tudo o que aqui retrato é a minha maneira de pensar e, com a mais absoluta certeza, não se desenvolveu, porque meus padrões educativos de formação foram edificados num outro período, numa fase em que no mundo tudo isso que hoje ocorre era tabu. Também não é preconceito, apenas são dois universos distintos. Por exemplo, hoje é bastante corriqueira a separação, especialmente após o divórcio ser promulgado lei. Antes, lá atrás, ou ainda em meu tempo, o casamento era algo mais sério, os casais se respeitavam mais, havia mais amor em relação à família. Agora está tão diferente!
Vivo só, sou um apaixonado pela vida. O que mais gosto de fazer é escrever, esta sim, é minha inseparável companheira: a literatura. Quanto ao amor carnal, desse estou muito distante... Prefiro amar platonicamente do que me arriscar a conviver com uma situação fora dos meus costumes... Então, concluo: é possível que eu seja um infeliz, sim!

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