O JURAMENTO - CAP. IV
O JURAMENTO 
 CAPÍTULO  IV  
 
                                                                        IV
 
           Exatamente  quatro  meses  depois  daqueles  acontecimentos, 
 outra  vez       Alice  procura   Eduardo  após  o  ofício  da  manhã, 
 na  sacristia.
 -  Dudu, é  muito sério o  que  tenho  para  
dizer-lhe,  não  pode  ser  aqui.  Arranje  uma desculpa  e  saia,   eu 
 o  espero  na  floricultura  a  cinco  quarteirões  daqui.
         
  E  não  deu  oportunidade  a  Eduardo  para  qualquer  resposta. 
Retirou-se. Eduardo ausentou-se   com  uma  desculpa.  Alice  estava  à 
 sua  espera  no  lugar  combinado.
 -  O  que  tem  assim  de  tão  sério  para  dizer-me?
  -  Você  não  imagina,  Dudu?
 -  Claro  que  não,  não  sou adivinho.
 - Estou  grávida,  Eduardo,  e  estou  desesperada! 
           Eduardo, pego de  surpresa,  ficou  meio  atônito. Nem  raciocinou direito...
 -  O  que  foi  que  disse?
 -  Eu  disse  que  estou  grávida,  que fazer  agora?
 -  Isto  é  maravilhoso!  Depois  de  tantos  anos!
 -  Não  brinque,  você  é  o  pai...
           Finalmente  Eduardo  compreendeu  do  que  se  tratava  e  da
  seriedade do  problema.  Então,    com  calma,  elaboraram  um  plano 
de  ação.  Neste  plano, nem  a Ordem,  nem  a  família  de  Alice  
poderiam  saber  o  que  estava  acontecendo.
 -  Entrarei   em  
contato  com  meus  pais,  você  passará   o  restante  da  gravidez  em
  nossa  casa  de campo,  onde  tranquilamente  trará  nosso  filho  ao 
 mundo.    Depois,  você retorna  para a  sua  vida  normal  de  
religiosa.
 -  E  seus  pais  concordarão  com  isso?
 -  Não  
tenho  dúvidas  e  a  eles  deixaremos  a  incumbência  de  criar  a  
criança. É tudo  o  que  temos  de  fazer,  Alice.
           Tudo  
foi  feito  como  combinado. Alice  logo  tratou  de pedir  uma  licença
  em sua  vida de  religiosa,   no  que  foi  atendida.  Alegou  motivos
  de  saúde  e  de    que necessitava  de  ar  puro  para  
restabelecer-se.  Meses  depois,   trazia   um  lindo  garoto  ao  
mundo,  que  se  chamou  Moisés. Três  semanas  após  o  parto,  Alice  
estava  de  retorno  à  sua  costumeira  vida. Sempre  que  podia,  
Eduardo  visitava  o  filho,  era  sua  cara...
           Certa  
madrugada,  Eduardo  saiu  dos  seus   aposentos  e  foi dar  um   
passeio  pelos  jardins  da Ordem.  Estava  muito quente  e  ele  estava
  a  precisar  de  ar  fresco.  Coincidentemente,  Alice  fizera  o 
mesmo,  mas  os  portões  estavam    fechados e  eles  se  descobriram  e
  se  falaram  pela  grade, quase  sussurrando.
 -  Que  faz  por  aqui  a  estas  horas  da  noite,  Eduardo?
 -  Certamente,  o mesmo  que  você,  Alice.  O  calor está  insuportável  e  agora  piorou,  depois  que  vi  você.
           E  tomou  uma  atitude  intempestiva.  Pulou  as  grades  dos  jardins  e  foi  ter com  Alice.
 -  Meus  Deus!  Eduardo,  você  é  louco  mesmo!
           Novamente  foram  para  os  aposentos  de  Alice.  
Entregaram-se  ao     amor,   nada  mais  podiam  contrariar  aquela  
paixão...
           Eduardo  acabara   de  celebrar  o  ofício.  Alice  o  esperava  na  sacristia, estava  nervosa.
 -  Você,  por  aqui?
 -  É. E  como  não há  ninguém aqui, digo-o  imediatamente:  estou  grávida outra  vez.
 -  Não!  Mas  que  sorte  a  sua!
 -  Que  faremos,  Dudu?
 -  O  mesmo  da  outra  vez, não  há  outra  saída... 
           Mais  uma  vez  Alice  pede  licença  à  Ordem  e  segue  com
  destino  à    casa  de  campo  da  família  de  Eduardo.  Meses  
depois,  traz  ao  mundo  dois      lindos  garotos:  Isaac   e  Ismael.
  Gêmeos!  
           Na quarta  semana  após  o  parto,  lá  está  
de  retorno  à  sua  vida,  agora  já  meio  sem  sentido.  Tentava, de 
 todas  as maneiras  despistar,  levar  uma  vida  de  concentração,  
porém  seu  pensamento  se  encontrava  em  seus   filhos.   Por  mera  
coincidência,  foi  chamada  a  fazer  as  compras  da  semana  para  a 
 ala    feminina,  e  quem   ela encontra  na  supermercado:  Eduardo!
 -  Matando  o  tempo, cavalheiro?
 -  É,  matando  o  tempo... Que  bom  vê-la!
 -  Digo  o   mesmo.  
 - Venha,  quero  confidenciar-lhe  meus  projetos,  isto  inclui  você. Sente  aqui  um   pouco...
 -  Inclui  a  mim...por  quê?
 -  Porque  você  é  a  mãe  dos  meus  filhos  e  eu  a  amo,  Alice!
 -  O  que  pretende  fazer,  Eduardo?
 -  Peço  que  não  me  atrapalhe,  deixe-me  falar até o fim.
 - Está  bem,  prometo...
 -  Há algum  tempo,  com  autorização  dos  meus  superiores  da  
Ordem,  consegui  estudar  direito  e  tenho  atualmente  me  dedicado  
em  todas  as minhas   horas   livres,  a  estudar, sempre  me  
atualizando, pois  pretendo  fazer  um  concurso...
 -  Eduardo, você  é  um  padre !
 -  Sim,  por  enquanto, sou. Pretendo  pedir  baixa  de  minha  vida  
religiosa  e  dedicar-me  aos  meus  filhos  e  a  você...  você  também
  pediria  baixa  e  nós nos  casaríamos,  afinal  temos  3  filhos  
para  criar.  Temos  tudo  para  sermos  felizes,  Alice.
 -  Não!   
Nunca!   Jamais  deixarei  minha  vida  de  freira,  jamais!  Cumprirei 
     meu  juramento  até  o  final  dos  meus  dias!
           E,  dizendo  isso,  retirou-se  e  desapareceu  no  meio  da  multidão...
 
 
 
          
      
 
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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