O JURAMENTO - CAP. V
O JURAMENTO
 CAPÍTULO  V
 
                                                                 V 
 
           Passaram  nove  meses  sem  se ver...  Eduardo,    muito   
atarefado      com outras  obrigações  dadas  pela  Ordem,  deixou  
provisoriamente  de  celebrar      o  ofício  da  5  da  manhã.  
Levantava  cedo  e  saía,  seu  apostolado  agora  era  diretamente  com
  o  povo.  Esperto,  aproveita-se  para  sempre  visitar  os  filhos,  
que cresciam   lindos  e  saudáveis.
           Numa  manhã  de  
muita  chuva,  Eduardo não  pôde  sair  e  o  oficiante  estava  doente.
  Eduardo,  nesse  dia,  foi  ministrar  o  ofício. Quando o  viu,  
Alice respirou  aliviada. Estava  com  saudades  de  Eduardo!  Foi  
esperá-lo  na  sacristia...
 -  Olá,  disse  Eduardo. Bom dia!
 -  Olá.  Queria  vê-lo,  tocá-lo...  eu  o  amo!
 -  Sim,  aqui  estou.  Já  mudou  de  ideia?  Casa-se  comigo?
 -  Isso,  não. Nunca  mudarei  de  ideia...
 -  Então, vá  embora  e  me  deixe em  paz...
 -  Espero  por  você  em  meus  aposentos... esta  noite!
 Eduardo  não  resistiu  à  tentação  e, pulando  as  grades dos jardins,  logo  es-      tava  ao  lado  de  Alice...
 -Não  sei  como  consegue  ser  tão  teimosa!  Temos  um  futuro  
imenso  à  nossa    frente, só   depende  de  você, querida...
 -  Quero  amar  você  aqui  mesmo,  isto  para  mim  basta!
           Não  se  viram  mais,  contudo   quatro  meses  depois,  na  
sacristia,  após    o   ofício  que  Eduardo  mais  uma  vez  ministrara
  pela  ausência  do  oficiante,    que  estava  viajando,  Alice  o  
procura  na  sacristia.
 -  Já  sei,  Alice,  nem  precisa  dizer:  está  grávida!
 -  Isso  mesmo.  Que  vamos  fazer  desta  vez?
 -  O  mesmo  das  vezes  anteriores,  meu  bem...
            Novamente  Alice  sai  de licença  e  segue  para   a  casa 
 de  campo da  família  de  Eduardo.  Desta  vez, entretanto,  traz  ao 
 mundo  uma  linda  menina,  que  recebe  o  nome  de  Gorete.  Eduardo 
 não  cabia  em  si  de
 contentamento!  Só  que,  ao  retornar,  
Alice  dava  visíveis  mostras  de  abatimento. Tentou  camuflar,  mas  
Eduardo  percebeu.  Dia  após  dia,  Alice  se   mostrava  cada  vez  
mais fraca.  Já  não ia  aos  ofícios,  e  mal  tinha  forças  para  
sair  do leito  para  banhar-se e  ir  ao   refeitório.  
  Um  dia,  por  intermédio  de  um  colega  de  batina,  soube  que  Alice    estava   muito  mal. 
 -Tem  certeza  de  que  é  Alice,  irmão  Alfredo?
 -  Sim,  irmão  Eduardo,  eu mesmo  dei  a  extrema  unção  à  freira. Ela  não     chega  ao   amanhecer.
           De  fato,  às  4  horas  da  manhã,  Alice  entregava  sua  
alma  a Deus.  Eduardo   chorou  barbaridade  e  sofreu  muito.  Partira
  o  amor  de  sua  vida,  a mãe  de  seus  filhos...  e  agora?
    
       Dois  meses  depois,  toma  uma  decisão:  faz  uma  carta  ao 
Superior  da    Ordem  e  pede  desligamento  da vida  religiosa. Houve 
 uma  certa  burocracia         no atendimento,  mas  em  menos  de  um 
 mês   estava  oficialmente  livre.  Logo     fez  inscrição  para  um  
concurso  público  e  o  resultado,  em  poucos  meses, foi    altamente
  satisfatório :  Eduardo  tornar-se-ia  juiz!
 
 
 
          
      
 
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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