quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Confissões


Confesso  às  paredes  sobre  minha  anatomia  passional..

Se  é  verdade  que  têm  ouvidos,  escutam  minhas  queixas
E  em  seu  sepulcral  silêncio  languidamente  me  deixam

Falar,  gritar,  chorar...  Entregar  meus  delitos  e  horrores
À  minha  sombra  que,  ferida  no  íntimo  por  fortes  dores,
Adormece  sobre  os  tapetes  que  são  o  cofre  dos  meus  sonhos...

Quadros  que  vivem  pendurados  tremem  diante  da  aflição
E  despencam  desesperados  vítimas  de  suicídio,
De  repente  o  chão  se  abre  como  a  lamentar  o  desperdício
Das  confissões  enclausuradas  e  soterradas  pela  emoção.

No  teto  pintado  de  branco  faço  o  refúgio  do  olhar
Que  se  perde  em  visões  amorfas  e  carentes  de  destino...
Pergunto-me:  onde  se  acham  as  feições  que  tanto  imagino?
Talvez,  enciumadas,  as  paredes  tenham  de  reféns  meus  planos
E  eu  que  me  afogue  perante  a  solidão  dos  meus  desenganos!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe o seu comentário.