Confesso às paredes sobre minha anatomia passional..
Se é verdade
que têm ouvidos,
escutam minhas queixas
E em seu
sepulcral silêncio languidamente
me deixam
Falar,
gritar, chorar... Entregar
meus delitos e
horrores
À minha sombra
que, ferida no
íntimo por fortes
dores,
Adormece
sobre os tapetes
que são o
cofre dos meus
sonhos...
Quadros que vivem
pendurados tremem diante
da aflição
E despencam desesperados
vítimas de suicídio,
De repente o
chão se abre
como a lamentar
o desperdício
Das confissões enclausuradas
e soterradas pela
emoção.
No teto pintado
de branco faço
o refúgio do
olhar
Que se perde
em visões amorfas
e carentes de
destino...
Pergunto-me:
onde se acham
as feições que
tanto imagino?
Talvez,
enciumadas, as paredes
tenham de reféns
meus planos
E eu que
me afogue perante
a solidão dos
meus desenganos!
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