domingo, 27 de outubro de 2013

Desdêmona

Desdêmona
CAPÍTULO V
EPÍLOGO

Foi com alegria que Desdêmona e Fabian receberam a notícia da gravidez de Esmengarda., mais uma vez.
- É gravidez de risco - afirmou Desdêmona - minha mãe já não é tão jovem.
- Com a graça do Senhor tudo ficará bem, como você sempre diz, meu amor. Confortou Fabian.
Realmente, mesmo sendo uma gravidez de risco, tudo foi bem até o final. Chegara mais um lindo menino: Marco Aurélio. Reunidos em família um mês após o parto, Alexandre e Esmengarda resolveram presentear Fabian e Desdêmona.
- Desdêmona, eu e sua mãe resolvemos entregar Marco Aurélio a você e Fabian. – Disse. Vocês precisam sentir o que é ter um filho.
Ao ouvir isto, Fabian, que estava confortavelmente sentado no sofá, ficou de pé, os olhos brilhavam.
- Vocês fariam isto? - Indagou nervoso.
- Claro! - Respondeu Alexandre. - De certa forma é um pagamento que faço à minha filha por haver –me restituído a vida. Presente de coração, tanto meu quanto de Esmengarda, não é querida?
- Sim. Já que Desdêmona não engravida, nós entregamos Marco para vocês. Ele que seja registrado como filho verdadeiro, ninguém precisa saber disso. Não estamos nos livrando dele, não é isto, é que vocês necessitam ser pais e Marco ficará em família.
Desdêmona só ouvia, não manifestava seu consentimento com o presente, no entanto em seus olhos as lágrimas escorriam. Posteriormente falou.
- Minha mãe, doar seu filho...
- Não estou doando para estranhos – ratificou - ele ficará em família, só que como filho seu e de Fabian. Serei uma avó feliz, pode ter certeza.
Marco Aurélio fora registrado como filho legítimo de Fabian e Desdêmona, poucos tiveram acesso a este segredo, apenas os que ali estavam e os pais de Fabian.
E a vida prosseguiu em seu ritmo alucinante. Quinze anos fez que Marco Aurélio fora registrado. Era um adolescente esperto, inteligente, trabalhador. Era a alegria de Fabian e de Desdêmona. Neste intervalo de 15 anos, Esmengarda houvera contraído uma doença que a levou para o túmulo e, pouco tempo depois, fora a vez de Alexandre. Moisés viera morar com a irmã e era um bom amigo, tanto de Fabian quanto de Marco Aurélio. Um dia, Fabian adoece gravemente. Seu mal era o coração, doença herdada do genitor. Havia sofrido um infarto e corria riscos de vida. No hospital tudo se fez e ele
conseguiu escapar, mas a conselho médico, deveria obter a aposentadoria por invalidez, pois era crítica sua saúde. Desdêmona se virou para cuidar do marido, de Marco e do irmão, Moisés, que passou a trabalhar para ajudar nas despesas. Seu emprego era no mesmo supermercado em que Fabian trabalhara.
Certa vez, um grande pesadelo ocorreu. Desaparecera da sala da gerência grande soma em dinheiro e estavam a culpar Moisés pelo roubo.
- Eu sou inocente, Fabian, não peguei neste dinheiro. Eu juro! - Dizia aperreado.
- Acredito em você. Mas quem poderia ter feito isso? - Questionou.
- Não tenho opinião. Deus me perdoe, quem sabe não foi o próprio gerente?- Posicionou-se Moisés.
- É possível! - Concordou Fabian - Todo o arrecadado vai para suas mãos e cabe a ele endereçar o depósito na conta da firma. Fique tranquilo, mais ou mais tarde a verdade aparece.
Moisés fora despedido como ladrão e estava preso. Decepção dolorosa para Desdêmona que sabia em si da inocência do irmão. Pensava que pensava, haveria de fazer alguma coisa. Concentrou-se, orou, pediu ao Alto que lhe abrisse os olhos, que a mostrasse a chave daquele enigma.
Os dias se passaram. Desdêmona continuava a suplicar até que...
- Foi isto - gritou - ninguém roubou o dinheiro.
Fabian assustou-se. Nada entendia sobre o que dizia Desdêmona.
- O quê? Como sabe?
- Orei, pedi a Deus a chave do mistério. O pacote com a referida soma está no cofre- confirmou - numa gaveta da parte inferior.
- Santo Deus! Como sabe disto em detalhes? Estou assombrado! - Falou.
- Deus me deu a visão. Pedi muito e Ele me abriu a visão. Preciso ir lá na delegacia contar isto ao delegado. Ele haverá de crer em mim!
E saiu apressadamente. Destino: delegacia!
- Quero falar com Dr. Machado, o delegado. - Pediu ao policial de plantão. Ele está?
- Sim, venha.
Desdêmona deu entrada no gabinete da delegacia. Dr. Machado estava ao telefone, pediu que esperasse um pouco. Depois, atendeu-a.
- Pois não. Em que posso servi-la, senhora?
- É sobre o desaparecimento do dinheiro do supermercado. Eu sou irmã do preso. Meu irmão é inocente, o senhor precisa acreditar nele.
- Todas as provas implicam seu irmão. Foi o último a entrar na sala sozinho.
- Eu sei onde está o dinheiro. - afirmou - ninguém o roubou. No cofre que existe na sala há uma gaveta na parte inferior, alguém ali pôs o dinheiro e se esqueceu do que fez.
- Como sabe de tantos detalhes, senhora?
- Meu nome é Desdêmona, senhor. Creia no que estou a dizer antes que levem meu irmão para um presídio. Ele é inocente.- Repetiu Desdêmona.
- Vamos agora, eu e você, ao supermercado. Lá o gerente haverá de conhecer a tal gaveta. Caso esteja certa, liberto seu irmão, imediatamente. - Prometeu o delegado.
Tomaram o carro e foram diretamente para o supermercado. O gerente estava em sua sala. Recebeu-os. Verificou o que Desdêmona dizia... o dinheiro estava lá, intacto.
- Mas quem o colocou aqui? Quis saber o delegado.
O gerente estava incrédulo. Como o dinheiro fora parar ali se somente ele conhecia o segredo do cofre? De quê maneira Desdêmona descobriiu isto? Eis interrogações que precisavam de ser averiguadas.
- Como eu descobri? Posso dizer-lhes.
E ali mesmo deu provas dos seus dons paranormais, se bem que isto era inconsequente em relação ao episódio.
- Sei - disse Desdêmona - que isto em nada se relaciona com os fatos, mas se possuo tais dons, é porque sou protegida ao Alto. Ele em sua infinita misericórdia, mostrou-me onde o dinheiro estava. È só isto o que tenho a falar.
O caso foi dado como por resolvido. Moisés voltou para casa e para o emprego. O patrão pediu-lhe mil desculpas pelo engodo, contudo a fama dos dons paranormais de Desdêmona se espalhou de uma maneira tal que em sua porta fervilhava de jornalistas. Todos queriam ver, conhecer os dons fantásticos daquela mulher.
Fabian estava inconsolável.
- Por que nunca me contou sobre isto?
Desdêmona se defendia.
- Até meus pais morreram sem saber. Era algo que guardava a sete chaves em meu íntimo. Agora deixou de ser segredo. Todo mundo sabe e terminou minha paz.
- Por que os revelou, então?
- Para justificar como sabia onde o dinheiro estava. Não se esqueça de que você foi gerente durante muitos anos e ainda bem que não passou pela cabeça de ninguém que você poderia ter revelado o segredo do cofre a Moisés.
- Isto faz sentido - conformou-se - mas o que vai fazer agora?
- Não sei, preciso de pensar. Não posso viver neste alvoroço. Hei de enfrentar essa gente e afastá-las de mim.
Entretanto a fama de Desdêmona atravessou fronteiras. O país inteiro tomou conhecimento. Noutros países não se falava de outra coisa. Tão grande se tornou o caso
que Desdêmona adoeceu de preocupação. Não saía de casa, ficava o tempo inteiro ao lado de Fabian. Marco Aurélio e Moisés cuidavam de dar satisfações às pessoas que faziam acampamento na porta de casa. A situação tornara-se terrível e constrangedora. Alguma coisa precisava ser feita... urgente!
Doente, definhando a cada dia, mesmo assim Desdêmona encontrou a saída. Não
havia outra alternativa. O mundo para si terminara, a vida se transformara. Levaria todos consigo... Que Deus a perdoasse...
Concentrou-se. Pensou. Pensou... Seu pensamento foi tão forte e poderoso que em poucos minutos toda a casa ardia em chamas. Todos morreram carbonizados, menos Marco Aurélio que, ao sentir a fumaça , compreendeu tratar-se de um grande incêndio e pulou a janela, ganhou a rua . Estava salvo, porém ficara só e, em sua solidão, caminhou pela vida até que pudesse encontrar quem o adotasse.

FIM

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