segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Os Gêmeos

Meu talento literário é a poesia, meu lado mais forte. Todavia, a partir de agora, resolvo enveredar pelo lado da prosa. Tenho alguns contos escritos,
e agora resolvi produzir uma história, tipo seriado, que será publicado em
capítulos aqui no FACE. Hoje apresento a vocês a primeira parte deste enredo por mim criado e BREVE estarei dando sequência, publicando o segundo capítulo, espero que gostem e se divirtam. Até lá!

Os Gêmeos
Capítulo I

Chovia torrencialmente. Avenidas e ruas estavam às escuras. Um poste houvera caído, derrubando árvores e danificando a rede elétrica. Automóveis trafegavam com os faróis altos, num verdadeiro caos àquela hora da noite. Pedestres, assustados, caminhavam rapidamente, ansiosos por chegarem logo aos seus lares. Súbito, enorme estrondo apavorou ainda mais os transeuntes que por ali perambulavam.
- Acidente!
- Acidente! 
Gritavam as pessoas e um grande tumulto se fez. Todos convergiram para o local da tragédia: um luxuoso carro, dirigido por um homem ainda jovem, perdera o controle da direção e o carro chocara-se violentamente contra um poste de iluminação pública. Os ocupantes do veículo eram dois: um casal. O motorista, Charles Castañeda, morrera na hora. Sofia, sua esposa, ficaram gravemente ferida. Estava grávida, no oitavo mês de gestação. Rapidamente chegou o socorro. Charles, constatada sua morte, fora levado para o IML, enquanto Sofia removida para um hospital público, próximo de onde ocorrera o acidente. Como eram desconhecidos na cidade, não se conseguiu localizar parentes: estavam abandonados!
Dois dias após o sinistro, era intenso o movimento no hospital: Sofia não resistira aos ferimentos, falecera. Milagrosamente as crianças foram salvas, isso graças à competência da equipe médica. Sim, Sofia estivera grávida de gêmeos: dois lindos meninos! 
- O que fazer com estas crianças, enfermeira Dulce? - Perguntou Dora, uma auxiliar da enfermagem do hospital.
- Isto não é de nosso alvitre, Dora. O Serviço Social do hospital haverá de dar uma solução. Os meninos são bonitos, estão salvos e logo aparecerá quem os queira para adoção.
- Ah, se eu pudesse, ficaria com ambos, mas infelizmente não possuo recursos suficientes ... Por que a senhora não fica com eles?
- Não devo nem imaginar tal situação, Dora. Meu marido, Ricardo, não quer filhos biológicos, imagine adotados! - Respondeu Dulce com os olhos úmidos.
- Seu marido não gosto de crianças? - Arrematou Dora.
- Não! E essa foi uma das condições por ele impostas para que nos casássemos. Como o amava e o amo, ainda...
- Um lar sem crianças é um cemitério. – Disse Dora e continuou:
- Por mais que eu amasse o homem da minha vida, jamais concordaria com uma condição dessas. Simplesmente com ele não me casaria... nem pensar... – E perguntou:
- A senhora é feliz, enfermeira Dulce?
Por um instante Dulce vacilou, gaguejou, porém firmou-se e deu a resposta.
- Sou! Contudo, por favor, mudemos de assunto, este diálogo não me agrada!
Dora percebeu no olhar da companheira uma pontinha de tristeza, mas respeitou o momento e ambas deixaram o ambiente em que estavam.
Três semanas se passaram. Os gêmeos estavam bem, com saúde e prontos para serem encaminhados à adoção, o que não tardou a acontecer, só que foram entregues a famílias distintas. Um deles ficaria ali, na mesma cidade; o outro seria destinado a uma família de uma cidade próxima.
- Sabe, enfermeira Dulce, achei um absurdo o que fizeram com os gêmeos, eles não deviam ficar separados. Se vieram de uma mesma barriga, era para continuarem juntos. Um “crime” o que fizeram. - Colocou Dora.
- Complicado isso, Dora. Os casais que apareceram para adotá-los não se permitiram ficar com os dois, alegaram que os custos são altos. Realmente, criar um só já é demais a despesa, imagine dois... - Afirmou Dulce.
- Mesmo assim, eu não os teria separado, só os deixaria ser levados para morarem no mesmo teto... Desculpa, é que sou meio romântica... na verdade, nada tenho com isso. Se já encontraram um lar, que Deus os abençoe e os façam felizes.
- É exatamente o que penso. Concordou Dulce.
Os gêmeos foram adotados por famílias de classe média e por casais que haviam em si dificuldades para, biologicamente, “encomendarem” a gravidez. Um deles recebera o nome de Victor Fernandes e continuaria a habitar o mesmo município. Os pais de Victor não eram tão jovens e esperaram 15 anos para se decidirem pela adoção. É que Marta, a mãe, sofria de diabetes e de pressão alta, não tendo condições de saúde para engravidar.
O outro fora registrado com o nome de Leonardo Henrique. A adoção ocorreu porque o pai, Roberto Carlos, era estéril e a adoção fora de comum acordo com Suzana, sua mulher.
A vida é assim, cheia de surpresas. Embora distantes, Victor e Leonardo viriam a possuir os mesmos gostos, as mesmas aspirações, os mesmos sonhos... Eram gêmeos idênticos e de temperamentos exatamente uniformes.
Dizem que Deus escreve certo por linhas tortas.... Será?

FIM DO I CAPÍTULO

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