quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Os Gêmeos

Os Gêmeos
Capítulo III

Era sexta-feira. Leonardo Henrique fora chamado à direção da escola. Parecia nervoso... Tinha consciência de que nada, absolutamente nada houvera feito de errado. Sabia que seu comportamento era exemplar. Por quê, então, ser chamado à direção? O que estaria ocorrendo?
Imediatamente foi recebido pela diretora Goretti, com um largo sorriso nos lábios.
- Bom dia, Léo! – disse a diretora - parece-me nervoso...
- Bom dia, professora - respondeu - Realmente, nunca fui chamado à direção antes, logo é natural que me veja intranquilo.
- Acalme-se, nada contra você, pelo contrário, tenho um convite a fazer em nome de nossa instituição de ensino.
Leonardo deu um longo suspiro.
- Puxa, ainda bem! Pois não, estou à disposição de minha direção. – Frisou.
- Escolhemos você para representar nosso colégio num concurso musical. Trata-se de um concurso regional que será realizado no pátio do maior Shopping da Capital. Você apenas irá cantar uma música que você mesmo escolher. É a voz mais bonita que temos, além de ser um lindo garoto...
O rosto de Leonardo mais parecia um tomate neste momento. Ficou envergonhadíssimo com os panegíricos de Goretti. Se houvesse ali um guarda-roupa, certamente esconder-se-ia dentro.
- Mas, eu? Pierre tem uma voz muito bonita, é afinado...
Goretti já contava com ele, mais ninguém.
- Ah! De forma alguma! Não há aqui no colégio ninguém com um talento igual ao seu, além do mais é músico...Pierre só sabe cantar!
Leonardo buscava uma saída, parecia não muito satisfeito com a ideia...
- Mas...mas... eu sou tão tímido! - Ponderou.
- Sua timidez desaparece quando você se entrega à interpretação musical. Por favor, não recuse, é muito importante para nós esse concurso, precisamos vencer, mostrar ao país quem somos...
- Vai haver imprensa lá, é? Léo quis saber.
- Claro! O concurso é patrocinado pelo Governo do Estado. É uma oportunidade única, até mesmo para você mostrar seu talento ao público.
- Misericórdia! Vou me sujar por inteiro na hora da apresentação... Afirmou.
Goretti sorriu e, perante um sorriso tão lindo à sua frente, não havia como recuar do convite.
- Está bem, diretora, pode contar comigo, porém preciso da autorização dos meus pais.
Goretti mostrou que não era de perder tempo, quando queria uma coisa, já tinha às mãos tudo arrumado.
- Isto já está feito, Leonardo. Liguei para sua casa e conversei com sua mãe e seu pai, eles não fizeram objeção, disseram que apenas dependia de você.
- A senhora é pragmática, pensa em tudo. – Conciliou.
Os ensaios iniciaram-se naquele mesmo dia. Leonardo nem foi para casa almoçar, Suzana trouxe-lhe a refeição até à escola. Parecia feliz vendo o filho dedicar-se a algo tão bonito como a música. Assistiu a todos os ensaios, era apaixonada pela voz de Léo e se dizia em pensamento: “Tem tudo para ser um grande artista.”
Na Capital as coisas não pareciam ser diferentes. Victor fora também escolhido para representar seu educandário no mesmo festival. Estava muito nervoso, andara tendo uns sonhos estranhos que mexeram bastante com o seu emocional. Neste momento, estava na sala do professor Guilherme, diretor de sua escola.
- Parece-me que não tenho outra saída, não é professor? Indagou coçando o queixo.
- Evidente que não! Você é o único capaz de levar-nos a uma vitória. Ninguém canta como você por aqui, e tem mais: é um extraordinário músico! 
- Bondade sua, professor Guilherme. Samuel e Arthur também têm vozes belíssimas...
O diretor concordou, porém...
- Tenho opinião igual à sua, não restam dúvidas, eles cantam muito bem, todavia você é o melhor, é afinadíssimo e canta qualquer estilo. E ainda há outro detalhe...
Curioso, Victor perguntou.
- Qual?
- Com todo o respeito que devo a você, permita-me dizer que estou diante de um belíssimo rapaz e isto vale muito num momento desses.
- Meu rosto está um pimentão vermelho, não está? Indagou Victor.
- Está, porém fique à vontade, disse-lhe apenas o que é verdade , não só em minha ótica, mas é opinião geral.
- Obrigado por tantos elogios... Quando começamos a ensaiar? Questionou, agora mais interessado.
- Hoje, logo após as aulas. Já tive contato com seus pais, eles trarão almoço para você.
- Agradecido!
Retirou-se do gabinete de direção e sentou-se num banco do jardim. Estava pensativo, lembrando-se dos sonhos das últimas noites. Via em seus sonhos um garoto tal qual ele próprio: mesma altura, tão magro quanto, os mesmos cabelos loiros, os mesmos olhos verdes, o mesmo nariz afilado, a mesma pele alvíssima. E chegou a uma conclusão: “Este do sonho sou eu... mas o que faço aparecendo para mim mesmo?
Nossa! Acho que estou enlouquecendo...” Foi despertado do êxtase por duas garotas, colegas de classe e que eram apaixonadíssimas por ele: Cláudia e Laura.
- Ei, Victor, não quer vir conosco? Indagou Laura.
Assustou-se, posto que estava concentrado nos sonhos...
- Hã? Ah, desculpem-me... Estava no mundo da lua. O que perguntaram?
Desta vez foi a voz de Cláudia que se fez ouvir.
- Queremos saber se você não quer vir conosco...
- E onde estão a ir?
- Estamos indo ao Shopping aqui perto, vamos comer alguma coisa, no entanto voltaremos para assistirmos ao seu ensaio.
- Peço perdão, mas não posso. Estou à espera de meu pai ou de minha mãe, aguardando meu almoço..
- Certo, outro dia iremos. Ate mais tarde. - disse Laura.
- Até!
Logo o almoço chegou e Victor pôde alimentar-se. Depois foi uma tarde repleta de sons e vozes... 
Cláudia e Laura entravam naquele instante no Shopping. Andavam e buscavam um local propício para almoçar. Depois, já na saída, uma grata surpresa...
- Não é possível, disse Laura, você não disse que não viria ao Shopping?
É que naquele momento esbarraram com Leonardo Henrique e seus pais que vinham à Capital comprar roupas novas e adequadas para o concurso que se aproximava.
- Desculpem, vocês falaram comigo? Interrogou curioso Leonardo.
- Claro, Victor, com quem mais haveríamos de falar se estamos frente a frente? Explodiu Cláudia.
- Mas aí há um engano, garotas. Meu nome não é Victor... Chamo-me Leonardo Henrique. Quem é esse Victor?
Laura e Cláudia pareciam não acreditar no que ouviram. Era absurdo demais o que estava acontecendo.
- Por favor, Victor, não é hora para brincadeiras... Aliás, você devia estar se preparando para o ensaio. Desistiu? - Quis saber Laura.
Leonardo estava atônito com o quê se passava. Quem eram aquelas meninas? Quem era Victor? 
- Perdoem-me, mas meu nome é realmente Leonardo Henrique e estes aqui são meus pais. Acho que ocorre um grande equívoco...
As moças estavam pálidas... Quê era aquilo? Assombração?
- Desculpe, Victor... Leonardo...seja lá quem for... acredito que estamos tendo uma visão. - Disse Cláudia e ambas saíram correndo do Shopping e até chegaram a chocar-se com algumas pessoas... quase caíram estateladas no chão.
Chegaram à escola de volta. Procuraram por Victor... Lá estava ele terminando de almoçar e se preparando para os ensaios.
Nada disseram e assistiram aos ensaios no mais completo mutismo. Havia algo de muito errado e elas desejavam uma explicação. Quando terminaram os ensaios, Laura disse:
- Victor, precisamos conversar com você... e é urgente!

FIM DO III CAPÍTULO

O IV CAPÍTULO ESTÁ DEMAIS.... NÃO DEIXEM DE LER!

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