domingo, 7 de abril de 2013

Diálogo

  
Acordei-me com o coração apertado...
Uma angústia desconhecida... tédio!
Amargura que me fez levantar
E sair enlouquecido pelas ruas,
Sem método, sem destino...
Por que em mim aquele desatino?
Não compreendia e caminhava... caminhava...
Tropeçava em transeuntes, esbarrava em carros,
Nas árvores, nos postes, nos muros...
Esbarrava em mim mesmo
E chorava como nunca o fiz na vida
Até então... cachoeira de lágrimas
Lavava minha face e me deixava desnorteado...
Perambulei alhures e me deparei com uma igreja.
Muitos degraus, mas estava aberta.
Uma energia estranha empurrou-me para dentro,
Estava vazia... eu estava vazio... estava só...
Fui levado pela minha inconsciência 
E diante do altar me debrucei,
Estaquei perante o silêncio que dominava
O espaço em penumbra... sem velas!
Baixei a cabeça. Leve torpor foi me acalmando
E secando em mim aquela desventura.
Percebi que um brilho me inoculava
E do meu íntimo ouvi a voz da calmaria,
A voz que serenava minha tempestade.
Não consegui identificar de imediato,
Porém entendi que não era meu eu,
Era algo que extrapolava todos os limites
E que falava ao meu coração...
“Não te aflijas perante a humanidade.
O homem bebe da taça da indecência,
Da corrupção e do orgulho...
O egoísmo e a ambição reinam indiferentes
Ao que dei de presente ao mundo...
Os homens disputam minha Palavra,
Erguem monumentos que as traças roem
Nas caladas da noite e até à luz do dia...
Minha mensagem foi muito clara
E o amor é a única estrada da Salvação.
Resta pouco tempo. As horas se chegam
Como os ventos sopram a natureza
E a brisa da Verdade será estabelecida
Para todos que regam os ensinamentos
E também para os que fantasiam 
Em benefício próprio o conteúdo da 
Sacratíssima expressão da vida...
Eu dei as coordenadas, mostrei as veredas,
Mas houve quem se deixasse contaminar
Pelos sentimentos daninhos que os afastam
De mim... contudo até o derradeiro instante
Serei compassivo... Exercite o Perdão e 
Abra as portas do coração para que as
Impurezas sejam dissipadas de teu ventre...
Na esperança se encontra o anseio dos pobres
E Eu os tornarei nobres para todo o sempre...”
De repente senti-me novo... renovado!
Desapareceram todos aqueles sintomas
Que me deixaram aturdido por alguns instantes...
Pus-me de pé. Andei até a porta por onde entrei
E, ao olhar o mundo lá fora,
Uma nova atmosfera governava meu íntimo!

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