domingo, 24 de janeiro de 2016

RUÍNAS

Meu  charuto  derrama  cinzas  sobre  o  sepulcro  envelhecido...

Forte  ventania  faz  das  folhas  um  torvelinho  macabro
Que  rodopiam  desvalidas  para  todos  os  lados

E  deitam  sobre  a  areia  o  silvo  agourento  dos  ventos...
Vermes  homicidas  deglutem  do  odor  climatizado
A  essência  suculenta  da  putrefação  que  asfixia...

Um  sínodo  de  bactérias  ora  pela  conservação  dos  ossos
Para  que  se  guardem  no  tutano  a  magia  do  manjar
Em  cujo  sabor  de  podridão  ergue-se  suntuoso  altar
Donde  se  extrai  um  cardápio  de  impuros  remorsos.

No  espaço  unilateral  o  esqueleto  dorme  séculos  de  ruínas
E  sonha  com  uma  inorgânica  inconsciência  que  foi  vida,
Dilapidar  feições  que  o  tempo  assassinou  em  fúnebres  avenidas
É  tentar  reconstituir  silhuetas  que  não  possuem  passaporte
Visto  que  na  alfândega  da  existência  ninguém  aprisiona  a  morte!



DE  Ivan de Oliveira Melo


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