Olho ressabiado a fina chuva que cai
E minha saudade na interjeição diz “ai”...
Dor que maltrata recôndita lembrança
Guardada nos refolhos da solidão urdida...
Volvo meu pensamento a instantes febris
E, mesmo sob a água que molha os colibris,
Sinto o frenesi que abala a alma inquieta
A tatear do pretérito o que foi conquista...
Chuvisco que umedece as flores resfriadas
Dum jardim que é mar de muitas enseadas
E brisas de formatos leves e cuneiformes
Que descrevem no tempo um labor cultista...
Singro as vagas que afogam as lindas acácias
Que tremem debaixo do frio que são audácias
A corromper num final de tarde tímido arrebol
Envolvido pelo arco-íris que pinta um céu niilista...
Anoitece! A chuva é trégua de breves momentos,
Então arrisco passos entre o nevoeiro laico e lento
E me percebo intruso dentre samambaias suaves
Deixando-me sentir a penumbra que é ufanista...
Veredito: Horas soturnas na imensidão dum vazio
Que amortalha um ego deserto, mas concretista!
DE Ivan de Oliveira Melo
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