O poeta nem
sempre está de
bem com a
vida...
E nem a
vida azul com
o poeta...
Eis um poema
que é a
fotografia de quem
o escreve...
Dizem as religiões
que é pecado
pedir para morrer,
Mas se a
vida e seus
encantos já não
dão prazer
Melhor orar ao
Altíssimo e suplicar
pela partida...
Estou
divorciado do mundo,
terra ingrata
Que suga sangue
inocente, explora até
a velhice,
Depois
abandona o indivíduo
com vigarice
E o joga
ao desprezo que
fere e maltrata...
Enquanto útil for
em evidência, a
existência finge amor...
Desempregado,
desesperado, vivendo à
custa de caridade
Quando
lucidez ativa ainda
é luz da incansável personalidade,
Mas trabalho decente
que é negado
pelo preconceito
De um corpo
que labutou e
que a idade
rouba tal direito...
Em ritmo depressivo
vou consumindo o
tempo que me
resta...
É aí que
num corpo são
e mente sã
aparecem doenças
Provocadas
pelo ócio e
pela homicida amargura
que se enfrenta
De ver-se solitário
perante um universo
maquiavélico e egoísta
Que expulsa, esconde,
possibilidades de novas
conquistas...
Por isso dialogo
nas caladas da
noite com o
Supremo,
Rogo
insistentemente pela jornada
eterna e definitiva,
Que me abrande
o caos de
ser figura assaz
decorativa
E me destroce
em mim linhas
de tangentes e
cossenos...
Não vou beber
da cicuta por
próprios impulsos,
Aí sim, configura-se
o exercício do
pecado maior
E, mesmo sofrendo
vicissitudes, melhor conformar-se
só...
As horas urgem...
Dívidas se acumulam
porta adentro
E à poesia
faço doação de
meus últimos talentos
Já que a
vida em si,
em mim, tornou-se
utopia!
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